Quando me sento à mesa durante dias, meses, anos, acrescentando vagarosamente palavras novas ao vazio do papel, sinto que estou a criar um mundo novo, é como se trouxesse à vida essa outra pessoa em mim, do mesmo modo que alguém constrói uma ponte ou uma catedral, pedra a pedra. As pedras usadas pelos escritores são as palavras. Quando as seguramos nas nossas mãos, apercebendo-nos do modo como cada uma delas se ligam umas às outras, às vezes olhando para elas ao longe, às vezes quase afagando-as com os dedos e a ponta da nossa caneta, pesando-as, mudando-as de sítio, ano sim, ano não pacientemente e esperançosamente estamos a construir um mundo novo….
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Orhan Pamuk
Excerto discurso Prémio Nobel Literatura
* Tradu. "à minha maneira"
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