29/06/2008

Neste dia de verão...

...um sol ardente diluiu-se em tudo o que há e brincou com os meus cinco sentidos.
~
a Firefly spotter

Sonoridades do Sahara...

27/06/2008

Mar...

Mar
metade de minha alma é feita de maresia.
~
Sophia de Mello B. Andresen

Na tua pele...

Na tua pele toda a terra treme
alguém fala com Deus alguém flutua
há um corpo a navegar e um anjo ao leme.
Das tuas coxas pode ver-se a Lua
contigo o mar ondula e o vento geme
e há um espírito a nascer de seres tão nua...
~
Manuel Alegre

23/06/2008

Penelope

In the pathway of the sun,
In the footsteps of the breeze,
Where the world and sky are one,
He shall ride the silver seas,
He shall cut the glittering wave.
I shall sit at home, and rock;
Rise, to heed a neighbour's knock;
Brew my tea, and snip my thread;
Bleach the linen for my bed.
They will call him brave.

~
Dorothy Parker

Soneto menor à chegada do verão

Eis como o verão
chega de súbito,
com seus potros fulvos,
seus dentes miúdos,
seus múltiplos, longos

corredores de cal,
as paredes nuas,
a luz de metal,

seu dardo mais puro
cravado na terra,
cobras que despertam
no silêncio duro –

eis como o verão
entra no poema.
~
Eugénio de Andrade

15/06/2008

Curiosa mercadoria..


"-Que carregamento trouxeste?- perguntou o príncipe a Mani.
- As minhas palavras e mais nada.
-Curiosa mercadoria!
(... ... )
- Que admirável mercadoria é a palavra- continuou ele,(...)- Não pesa nada no porão e, se souberes transaccioná-la, ela pode enriquecer-te."
~
Os Jardins de Luz- Amin Maalouf

Blues...

Podemos confiar...

Por quê ler os clássicos?


1. Os clássicos são aqueles livros sobre os quais, em geral, se ouve dizer: "Estou a reler..." e nunca "Estou a ler..." (...)
2. Dizem-se clássicos aqueles livros que constituem uma riqueza para quem os tenha lido e amado; mas constituem uma riqueza não menor para quem tem a sorte de lê-los pela primeira vez nas melhores condições para apreciá-los. (...)
3. Os clássicos são livros que exercem uma influência particular quando se impõem como inesquecíveis e também quando se ocultam nas dobras da memória, mimetizando-se como inconsciente colectivo ou individual. (...)
4. Toda releitura de um clássico é uma leitura de descoberta como a primeira.
5. Toda primeria leitura de um clássico é na realidade uma releitura.

A definição 4 pode ser considerada corolário desta:
6. Um clássico é um livro que nunca terminou de dizer aquilo que tinha para dizer.
7. Os clássicos são aqueles livros que chegam até nós trazendo consigo as marcas das leituras que precederam a nossa e atrás de si os traços que deixaram na cultura ou nas culturas que atravessaram (ou mais simplesmente na linguagem ou nos costumes). (...)
8. Um clássico é uma obra que provoca incessantemente uma nuvem de discursos críticos sobre si, mas continuamente as repele para longe. (...)
9. Os clássicos são livros que, quanto mais pensamos conhecer por ouvir dizer, quando são lidos de facto mais se revelam novos, inesperados e inéditos.
10. Chama-se clássico a um livro que se configura como equivalente ao universo, à semelhança dos antigos talismãs. (...)
~
Italo Calvino

13/06/2008

Caligrafias...

Sol...

...é sempre a tremer que levo o sol à boca.
~
Eugénio de Andrade

09/06/2008

XXVII


Weary with toil, I haste me to my bed,
The dear repose for limbs with travel tired;
But then begins a journey in my head
To work my mind, when body's work's expired:
For then my thoughts--from far where I abide--
Intend a zealous pilgrimage to thee,
And keep my drooping eyelids open wide,
Looking on darkness which the blind do see:
Save that my soul's imaginary sight
Presents thy shadow to my sightless view,
Which, like a jewel hung in ghastly night,
Makes black night beauteous, and her old face new.
Lo! thus, by day my limbs, by night my mind,
For thee, and for myself, no quiet find.
~
William Shakespeare

06/06/2008

Quase

Um pouco mais de sol - eu era brasa,
Um pouco mais de azul - eu era além...
~
Mário de Sá-Carneiro

Sirva-se!


04/06/2008

... Donc tu te dégages
Des humains suffrages,
Des communs élans! Tu voles selon...
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... Pois tu me libertas
Das humanas quimeras,
Dos anseios vãos! Tu voas então...
~
Arthur Rimbaud

01/06/2008

De garfo à boca


Cravo...

... os dentes e considero que a carne é soberba!
~
a Firefly spotter