25/05/2009

Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela


Passei toda a noite, sem dormir, vendo, sem espaço, a figura dela,
E vendo-a sempre de maneiras diferentes do que a encontro a ela.
Faço pensamentos com a recordação do que ela é quando me fala,
E em cada pensamento ela varia de acordo com a sua semelhança.
Amar é pensar.
E eu quase que me esqueço de sentir só de pensar nela.
Não sei bem o que quero, mesmo dela, e eu não penso senão nela.
Tenho uma grande distracção animada.
Quando desejo encontrá-la
Quase que prefiro não a encontrar,
Para não ter que a deixar depois.
Não sei bem o que quero, nem quero saber o que quero. Quero só Pensar nela.
Não peço nada a ninguém, nem a ela, senão pensar.

~
Alberto Caeiro

19/05/2009

THE LOCUST TREE IN FLOWER
Second version

Among
of
green

stiff
old
bright

broken
branch
come

white
sweet
May

again.
~
Carlos William Carlos

Provérbio
A noite é a nossa dádiva de sol aos que vivem do outro lado da Terra.
~
Carlos de Oliveira

13/05/2009

histórias ao redor dos livros


Bill, à beira da água olhava o ribeiro.
-Eh!- e berrou por sob o barulho da represa.- Que tal pôr o vinho naquela fonte ao pé da estrada?
- Está bem!- berrei eu. Bill acenou e avançou rio abaixo. Tirei do saco as duas garrafas de vinho, e levei-as até à estrada, até onde a água de uma nascente corria num tubo de ferro. Havia uma tampa, que eu levantei, para, depois de rolhar com força as garrafas, as meter dentro de água. Estava tão fria que a mão e o braço ficaram dormentes. Tornei a pôr no seu lugar a tampa, e ansiei porque ninguém desse com as garrafas.
Peguei na minha cana que estava encostada a uma árvore, agarrei na lata das isca e na rede, e caminhei sobre a represa, (…) A comporta estava aberta, e eu sentei-me num dos prumos e observei a suava toalha de água que havia antes de o rio se precipitar nas pedras. Ao pé da represa era fundo. Punha eu uma isca, uma truta saltou da espuma para os rápidos e foi levada na corrente. Antes de eu acabar de pôr a isca, outra truta saltou, descrevendo o mesmo lindo arco e desaparecendo na água (…)
Subi à estrada e tirei as duas garrafas de vinho. Estavam geladas. A humidade embaciava-as quando eu voltei para as árvores. Dispus o almoço num jornal. ...
~
Hemingway
Fiesta

10/05/2009

As árvores no parque

A relva
Cada vez mais verde

A tua voz
Ontem
~
Alberto Lacerda
graffiti
Mai 68 à Paris