01/03/2010

Se

Se consegues manter a calma quando todos à tua volta
a perdem e te culpam por isso,
Se confias em ti próprio quando todos duvidam de ti,
Mas, ponderas, também, as suas dúvidas;
Se consegues esperar e não te cansas com a espera,
Ou, sendo difamado, não te dedicas a difamar;
Ou, sendo odiado, não te dedicas ao ódio,
E, ainda assim, não demonstras altivez ou presunção:

Se consegues sonhar – e não transformas os teus sonhos no teu senhor;
Se consegues pensar – e não transformas os teus pensamentos no teu objectivo;
Se consegues lidar com o Triunfo e a Derrota
E tratar esses dois impostores de igual modo;
Se consegues suportar ouvir a verdade que proferiste,
Distorcida, por desonestos, numa armadilha para enganar os tolos,
Ou ver destruídas as coisas que proporcionaste à tua vida,
E, inclinado, reconstrói-las com ferramentas gastas:

Se és capaz de fazer um monte com todos os teus ganhos
E arriscar tudo numa só jogada de cara ou coroa,
E perder e começar de novo desde o início,
E nunca proferir uma palavra sobre a tua perda;
Se consegues obrigar o teu coração e nervos e tendões
A servirem-te mesmo quando há muito já estão fracos,
E a estarem sob controlo, quando já não há nada em ti
A não ser a Vontade que lhes diz: “ Aguentem!”

Se consegues falar às multidões e manter a tua virtude,
Ou conviveres com reis – nem perder a simplicidade,
Se nem inimigos ou amigos queridos te conseguem magoar
Se todos os homens contam contigo, mas nenhum em demasiado;
Se consegues preencher o implacável minuto
Com sessenta segundos que valham a pena ser vividos
É tua a Terra e tudo o que nela há,
E – além do mais – serás um Homem meu filho!


* Trad. à minha maneira

Sem comentários: